“Só artista branca, loira, com milhões de seguidores, é lida como artista pop no Brasil” Diz Liniker
- Comunicação Music Stream
- 19 de ago.
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Liniker questiona rótulos no pop brasileiro e celebra reconhecimento histórico
A cantora Liniker voltou a movimentar o debate sobre a representatividade no pop nacional. Em entrevista ao podcast Segue o Som, conduzido por Pietro Reis, a artista afirmou que no Brasil ainda existe uma ideia limitada sobre quem pode ser considerado “pop”:
“Acho que pop, para mim, é popularizar o afeto e a gente tentar sair desse lugar onde só artista branca, de cabelo loiro e milhões de seguidores é lida como artista pop no Brasil. Mas a travesti preta também é.”
Segundo Liniker, o mercado insiste em criar subcategorias como “afropop” quando o artista é preto, o que evidencia um racismo velado ainda presente na indústria musical.
Reconhecimento com Caju
O posicionamento da cantora ganha ainda mais peso diante dos resultados de sua carreira recente. Com o álbum Caju (2024), Liniker conquistou alguns dos prêmios mais importantes da música brasileira:
No Prêmio da Música Brasileira, levou os troféus de melhor artista pop e melhor lançamento pop.
No Prêmio Multishow 2024, foi eleita artista do ano e também venceu na categoria álbum do ano.
Essas conquistas não apenas consolidam seu espaço no pop, como também questionam os critérios que durante décadas invisibilizaram artistas negros dentro do gênero.
O que é pop para Liniker
Para a cantora, pop não está restrito a fórmulas de mercado ou à estética de um perfil específico de artista.
“Meu som seria pop pela qualidade do que estava entregando, pelo investimento, pela sonoridade, pela inventividade, e pelo pop de popular – um som popular para que as pessoas escutem no metrô, em casa... que aquilo tocasse o coração das pessoas. É tentar popularizar o afeto mesmo.”
Liniker também destacou que hoje sua música chega a públicos diversos: pessoas brancas, pretas, indígenas e de diferentes gêneros, tanto no Brasil quanto fora dele.
Um marco no pop brasileiro
Ao ressignificar o conceito de pop, Liniker abre espaço para que outras vozes sejam reconhecidas dentro do gênero. Suas vitórias recentes mostram que a cena nacional está se transformando e que artistas negros, trans e periféricos podem ocupar o mesmo espaço de visibilidade e prestígio que antes era reservado a um recorte específico.
A trajetória de Liniker com Caju não é apenas sobre música: é sobre identidade, afeto e o direito de estar no centro da cultura pop brasileira.
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